No dia 03 de outubro comemoramos o aniversário do nosso querido Allan Kardec. Mas quem foi este homem, que para nós espíritas, foi tão importante? Hippolyte Léon Denizard Rivail, nasceu em 1804 em Lyon, na França. Seus pais, Jean-Baptiste Antoine Rivail e Jeanne Louise Duhamel, se casaram em Bourg-en-Bresse, em 5 de fevereiro de 1793. Sua família era influente socialmente e possuíam em seu círculo de amizades juristas e militares. Quando se casaram, seu pai ( juiz militar ) tinha 34 anos e sua mãe 19 anos. Kardec também teve dois irmãos mais velhos: Auguste Claude Joseph Françoise e Marie Françoise Charlotte Éloise. Seus pais passaram por muitas privações na vida, a começar por Éloise que desencarnou com apenas 2 anos de idade. Um ano depois de sua morte, o pequeno Auguste também desencarna, com 6 anos de idade. Mas, após 2 anos à morte de Auguste, nascia Hippolyte Léon Denizard Rivail, nosso querido Allan Kardec. Há registros que informam que o pai de Kardec morreu quando ele tinha 3 anos, pois como era militar, acabou participando dos conflitos que ocorreram na época da Revolução Francesa. O seu pai nunca foi encontrado, sendo assim dado como morto. Kardec foi criado por sua mãe e sua avó materna, Charlotte Bochard.
Desde jovem, Kardec mostrou inclinação para o estudo das ciências e da filosofia. Devido a influência de sua família e com a ajuda de sua avó, conseguiu estudar no famoso Instituto Pestalozzi, em Yverdon, na Suiça. Aprendendo sobre seus métodos de ensino, virou um grande discípulo. Se formou como educador em 1824, aos dezoito anos, em Ciências e Letras. Depois de se formar, ao voltar para a França, já falava fluentemente alemão, inglês, holandês, italiano e espanhol. Desta forma, trabalhou como tradutor, traduzindo várias obras sobre educação, principalmente para o alemão. Em 9 de fevereiro de 1832, casou-se com Amélie Gabrielle Boudet, e juntos começaram a ministrar cursos gratuitos em casa sobre Química, Física e Anatomia. O objetivo era uma maior democratização do ensino público francês. Tornou-se membro de várias sociedades eruditas, entre elas, a Academia Real de Arras, que em 1831 lhe concedeu o Prêmio de Honra por um ensaio intitulado: Qual é o Sistema de Estudo Mais em Harmonia com as Necessidades da Época? Publicou também diversas obras educativas.
Mas, quando o Espiritismo entrou na vida de Kardec?
Ele já estudava sobre o magnetismo. Foi secretário da sociedade de Frenologia de Paris e participou ativamente dos trabalhos da Society of Magnetism, dedicando-se aos estudos sobre sonambulismo, transe, clarividência, dentre outros fenômenos. No ano de 1852 foi convidado pelo amigo Fortier, a participar de um acontecimento que estava muito “em voga” na França, as chamadas “mesas girantes”. Fenômeno que “fazia” com que as mesas, grandes e pesadas, girassem sozinhas! Depois de exitar um pouco, se rendeu as investigações e estudos sobre o fenômeno, sendo conduzido pelo plano espiritual a partir daí, a nos informar sobre sua existência. Neste momento, começou a usar o pseudônimo de Allan Kardec, em homenagem a sua vida anterior como sacerdote druida. As “mesas girantes” estavam acontecendo em outras partes do mundo também, como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Juntamente com os estudos dos fenômenos das “mesas girantes”, ele tomou conhecimento da psicografia, tendo contato com um “espírito familiar” que começou a orientar os seus trabalhos. Este “espírito familiar” disse a Kardec que eles já se conheciam de outras vidas e foi através dele que soube que já foi um druída.
Com os estudos que começou a realizar, viu que estava à frente de algo que mudaria o mundo e assim começou a buscar critérios lógicos e coerentes, a partir de uma visão racional e científica, seguindo uma metodologia de trabalho, coletando, selecionando e analisando criteriosamente as mensagens recebidas. Com relação as “mesas girantes”, Kardec disse: “Se há uma resposta inteligente, há também um princípio inteligente.”
Kardec assistiu aos fenômenos que ocorreram na casa da sonâmbula Sra.Roger, depois na casa da madame Plainemaison e, finalmente, na casa da família Baudin, onde recebe muitas mensagens através da mediunidade das jovens Caroline e Julie. Conclui, afinal, que eram efetivamente manifestações inteligentes produzidas pelos Espíritos dos homens que deixaram a Terra.
Em 18 de abril de 1857, iniciou a publicação das obras da Codificação, quando surgiu o Livro dos Espíritos, dando início a fundação do Espiritismo. Em 1 de janeiro de 1858, lançou a primeira edição da Revista Espírita. Neste mesmo ano, fundou a primeira sociedade espírita, regularmente constituída com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Na primeira quinzena de janeiro 1861 lança O Livro dos Mediuns e depois, sucessivamente O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Recebe a primeira revelação de sua missão em 30 de abril de 1856 pela médium Japhet, missão esta confirmada em 12 de junho de 1856, pela médium Aline, e finalmente em 12 de abril de 1860 na casa do Sr. Dehan, pelo médium Croset. Allan Kardec escreve que empregou nessa laboriosa tarefa, toda solicitude e dedicação de que era capaz.
Na Revista Espírita de maio de 1869, lê-se: “trabalhador infatigável, sempre o primeiro e o último a postos…”. Em 31 de março de 1869, Allan Kardec desencarnou cumprindo de forma exemplar sua missão de decodificador da Doutrina Espírita.
Certa vez, um cavaleiro de França, ausentou-se do seu domicílio, indo à Itália para resolver questão política. Trazia consigo o propósito central de servir ao Senhor. Inesperadamente surgiu a sua frente ulceroso mendigo a estender-lhe as mãos descarnadas e súplices. Quem seria semelhante infeliz a vaguear sem rumo? Sem fixá-lo, atirou-lhe a bolsa farta. O nobre cavaleiro voltou ao lar, menos afortunado nos negócios, deixou, de novo, a casa. Ia para a Espanha, em missão de eclesiásticos amigos, aos quais de devotava. No mesmo lugar, estava outro infortunado pedinte, com os braços em rogativa. Intrigado, retirou do grande saco de viagem pequeno brilhante, e arremessou-o ao triste caminheiro que parecia devorá-lo com o olhar. E menos feliz no círculo de suas finanças, necessitou viajar pela Inglaterra, onde desejava solucionar vários problemas, alusivos à organização doméstica. E no mesmo lugar, é surpreendido pelo amargurado leproso, cuja velha petição se ergue no ar. O cavaleiro arranca do chapéu estimada joia e projeta-a sobre o romeiro, orgulhosamente. Decorridos alguns meses, segue para porto distante, em busca de precioso empréstimo, porque sua economia estava ameaçada de colapso fatal, e com precisão, no mesmo lugar, é interpelado pelo mendigo e cujas mãos, em chagas, voltam-se ansiosas para ele. Extremamente dedicado à caridade, não hesita. Despe fino manto e entrega-o de longe, receando contato. Após um ano, indo à Paris invocar socorro de autoridades, no lugar de sempre é defrontado pelo mesmo Lázaro, de feição dolorida, que lhe repete a mesma súplica. O castelão lhe atira um gorro de alto preço, sem pausar o galope em que seguia. Passam-se os dias. E com festança representará os seus na cruzada com que se pretendia libertar os lugares santos. O ilustre cavaleiro dá-lhe, então, um rico cesto de alimentos, sem dar-lhe a mínima atenção. E no mesmo ângulo da estrada o mendigo o aguardava e lhe dirige com voz ainda mais triste. Na Palestina, combalido e separado de seus compatriotas, por anos a fio, padeceu miséria e vexame, ataques e humilhações, até que um dia, parecendo um fantasma, retorna ao lar, que não o reconhece. Houve a falsa notícia de sua morte, a esposa depressa o substituiu, e seus filhos, revoltados, soltaram os cães contra ele, que o dilaceraram cruelmente, sem piedade. E o pranto lhe escorria dos olhos semimortos. Procurou velhas afeições, sofreu repugnância e sarcasmo. Interpretado como louco, o ex fidalgo, ausentou-se, em definitivo, a passos vacilantes… Seguir para onde? O mundo era pequeno demais para conter-lhe a dor. Avançava, penosamente, quando encontrou o mendigo. Relembrou a passada grandeza, e voltou-se para si mesmo, como se estivesse buscando alguma coisa para dar. Pela primeira vez, contemplou o infeliz, cruzando com ele o angustiado olhar e sentiu, que, aquele homem, chagado e sozinho, devia ser seu irmão. Abriu os braços e caminhou para ele, tocado de simpatia, como se quisesse dar-lhe o calor do próprio sangue. Foi, então, que, recolhido no regaço do companheiro que considerava leproso, dele ouviu as sublimes palavras: – Vem a mim! Eu sou Jesus, teu amigo. Quem me procura no serviço ao próximo, mais cedo me encontra… Enquanto me buscavas à distância, eu te aguardava aqui, tão perto! Agradeço o ouro, as jóias, o manto, o agasalho e o pão que me deste, mas há muitos anos te estendia os braços, esperando teu próprio coração! O antigo cavaleiro nada mais viu senão vasta senda de luz entre a Terra e o Céu… Mas, no outro dia, quando os semeadores regressaram às lides do campo, sob a claridade da aurora, tropeçaram no orvalhado do caminho com um cadáver! O cavaleiro estava morto! Somente depois de muito sofrimento o cavaleiro encontrou Jesus, e Ele o tempo todo estava por perto. Poderia ter minorado os seus sofrimentos, pois quando fazia a caridade, deveria abrir o seu coração. Lutou, correu atrás das riquezas, esquecendo-se que a maior riqueza estava com ele: o amor! Todavia, o Mestre o aguardou, e no momento do seu maior sofrimento, abriu os olhos e conseguiu enxergá-lo, e Este imediatamente o abraçou. Jesus, de várias maneiras se apresenta a nós. Será que temos olhos para vê-Lo? Será que em algum momento paramos para observá-Lo? Não tardemos ao nosso encontro com Ele, como fez o cavaleiro. Vamos depressa ao Seu encontro: Amando o nosso próximo; fazendo o certo e o bem; tendo paciência e compreensão; sendo honestos e amando a verdade; retirando os errados pensamentos e as mágoas de nós; enfim, nos modificando a cada dia; tendo a consciência em paz. Então estaremos caminhando ao Seu encontro e prontos para mais cedo do que esperávamos receber Seu abraço de amor!
Lúcia era uma mulher feliz. Como poucas, acreditava…
Casada com o homem por quem se apaixonara nos verdes anos da adolescência, vivia o sonho da mulher realizada. Um filho lhe viera coroar a felicidade. Que mais ela poderia desejar? Acordava pela manhã e saudava o dia cantarolando. Com alegria realizava as tarefas do lar, cuidava do filho, aguardava o marido. Tudo ia muito bem. Até o dia em que descobriu que o homem que tanto amava, a traía. E não era de agora. O problema vinha tomando corpo de algum tempo. Magoada, se dirigiu ao marido. Exigiu-lhe e falou-lhe de respeito. A resposta foi brutal, violenta. O homem encantador tornou-se raivoso, briguento. Chegou a lhe bater. Foi nesse dia que Lúcia teve a certeza de que seu casamento acabara. Era o cúmulo. Não poderia prosseguir a viver com alguém que chegara à agressão física. Então, acordou na manhã de tristeza, depois de uma noite de angústia e tomou uma séria decisão. Iria se matar. Acabar com a própria vida. Mais do que isto. Ela desejava vingança. Por isso, tomou o filho de quatro anos pela mão e decidiu que o mataria. Queria que o marido ficasse com drama de consciência. Seu destino era o Farol da Barra, na cidade de Salvador, na Bahia, onde residia. Ela sabia que era um local onde o mar batia com violência no penhasco. A rua por onde transitava era movimentada. Muitos carros. Enquanto aguardava para atravessar a rua, a criança lhe escapou das mãos e correu, entre os carros. Ela se desesperou. Estranho paradoxo. Conduzia a criança pela mão e tencionava jogá-la do penhasco ao mar para que morresse. Mas, quando a vê correr perigo, esquecida de si mesma, vai-lhe ao encontro, agarra-a, até um pouco raivosa. Puxa-a pela mão. Neste momento, a criança se abaixa, alheia a tudo que se passava, e recolhe do chão um papel. Lúcia o arranca das mãos do pequeno e um título, em letras grandes, lhe chama a atenção: Um minuto apenas. Ela lê: Num minuto apenas, a tormenta acalma, a dor passa, o ausente chega. O dinheiro muda de mão, o amor parte, a vida muda. Vai andando, puxando a criança e lendo a página. Era uma página mediúnica que vinha assinada por um Espírito. Ela terminou de ler. Passou o ímpeto. Em um minuto… Parou, olhou ao redor e verificou que tinha chegado ao seu destino. O penhasco estava próximo. Sentou-se e teve uma crise de choro. Foi para casa. Lembrou que um dia, jantando em casa dele, ele falara algo sobre espiritismo. Algo que ela e o marido, por terem outra formação religiosa, rechaçaram de imediato. O impulso de se matar havia desaparecido. Tornou a ler a mensagem. Ela se recordou de um senhor que era espírita e trabalhava no banco, no mesmo onde seu marido trabalhava. Ela lhe telefonou, pediu-lhe orientação e ele a encaminhou a um centro espírita. Atendida por companheiro dedicado, que lhe ouviu os gritos da alma aflita, passou a buscar na oração sincera, na leitura nobre, no passe reconfortante, as necessárias forças para superar a crise. O marido, notando-lhe a mudança, a calma, no transcorrer dos dias, a seguiu em uma das suas saídas do lar. Desconfiado, adentrou ele também à casa espírita. Para descobrir uma fonte de consolo e esclarecimento. Hoje, ambos trabalham na seara espírita. Reconstituíram sua vida, refizeram-se. Os anos rolaram. O garoto é um adolescente e mais dois filhos se somaram a ele. * * * Mudança de rumo. A vida muda. Em um minuto apenas. Em um minuto apenas Deus providencia o socorro. Pode ser um coração atento, uma mão amiga ou um pedaço de papel impresso caído na calçada. Papel que o vento não levou para longe. Um minuto apenas e o amor volta. A esperança renasce. Um minuto apenas e o sol rompe as nuvens, clareando tudo. Não se desespere. Espere. Um minuto apenas. O socorro chega. O panorama se modifica. A vida refloresce. Tenha paciência. Não se entregue à desesperança. Aguarde. Enquanto você sofre, Deus providencia o auxílio. Aguarde. Um minuto apenas. Sessenta segundos. Uma vida. Um minuto a mais… Em um minuto apenas, a Misericórdia Divina se derrama, cheia de bênçãos, nas vielas escuras dos passos humanos. Corrige, saneia, repara, transformando-as em estradas luminosas no rumo da vida maior.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24, do livro O semeador de estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 1, ed. FEP. Em 26.4.2018.
Doença não é apenas o desequilibrio de ordem fisiologica, pode ser também psicologica e espiritual ou até estas formas combinadas. Todo tipo de desconforto é um alerta para a nossa reflexão sobre o que fizemos ou ainda estamos fazendo de errado na nossa vida e que necessita ser mudado. O texto abaixo, de Emmanuel nos dá uma orientação do caminho a ser tomado.
Estás doente? Todas as criaturas humanas adoecem, todavia, são raros aqueles que cogitam de cura real. Se te encontras enfermo, não acredites que a ação medicamentosa, através da boca ou dos poros, te possam restaurar integralmente. O comprimido ajuda, a injeção melhora, entretanto, nunca te esqueças de que os verdadeiros males procedem do coração. A mente é fonte criadora. A vida, pouco a pouco, plasma em torno de teus passos aquilo que desejas. De que vale a medicação exterior, se prossegues triste, acabrunhado ou insubmisso? De outras vezes, pedes o socorro de médicos humanos ou de benfeitores espirituais, mas, ao surgirem as primeiras melhoras, abandonas o remédio ou o conselho salutar e voltas aos mesmos abusos que te conduziram à enfermidade. Como regenerar a saúde, se perdes longas horas na posição da cólera ou do desânimo? A indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviços de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de conseqüências imprevisíveis. O desalento, por sua vez, é clima anestesiante, que entorpece e destrói. E que falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendes tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as tuas forças? Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens? Por mais se apressem socorristas da Terra e do Plano Espiritual, em teu favor, devoras as próprias energias, vítima imprevidente do suicídio indireto. Se estás doente, meu amigo, acima de qualquer medicação, aprende a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a Grande Mudança. Desapega-te de bens transitórios que te foram emprestados pelo Poder Divino, de acordo com a Lei do Uso, e lembra-te de que serás, agora ou depois, reconduzido à Vida Maior, onde encontramos sempre a própria consciência. Foge à brutalidade. Enriquece os teus fatores de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno. Busca a intimidade com a sabedoria, pelo estudo e pela meditação. Não manches teu caminho. Serve sempre. Trabalha na extensão do bem. Guarda lealdade ao ideal superior que te ilumina o coração e permanece convicto de que se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.
Livro Fonte Viva Cap. 86 – Emmanuel – Francisco Cândido Xavier – FEB
Um homem ficou muito enfermo e sua filha, preocupada, pediu a um amigo que fosse conversar com ele. Ela sabia que o pai precisava muito de orações e como não o via orando, pediu ao seu amigo que o visitasse e orasse com ele. Quando o amigo entrou no quarto, encontrou o pobre homem deitado, com a cabeça apoiada num par de almofadas. Havia uma cadeira ao lado da cama, fato que levou o visitante a pensar que o homem estava aguardando a sua chegada. Você estava me esperando? – perguntou. Não. Por quê? – Respondeu o homem enfermo. Sou amigo de sua filha. Ela pediu-me que viesse orar com você. Quando entrei e vi a cadeira vazia ao lado da sua cama, imaginei que soubesse que eu viria visitá-lo. Ah, sim, a cadeira… Você não se importaria de fechar a porta? O visitante se ergueu e fechou a porta. O doente então lhe confidenciou: Nunca contei isto para ninguém. Passei toda a minha vida sem ter aprendido a orar. Quando entrava em alguma igreja e ouvia falarem a respeito da oração, de como se deve orar e os benefícios que recebemos através dela, não queria saber de orações. As informações entravam por um ouvido e saíam por outro. Eu achava tudo sem sentido. Assim sendo, não tinha a mínima ideia de como se deve orar. Então, nunca me dispus a fazer uma prece. Alguns anos atrás, quando a doença começou a se manifestar em meu corpo, conversando com meu melhor amigo, ele me disse: Amigo, orar é simplesmente ter uma conversa com Jesus e isto eu sugiro que você não deixe de fazer. Vou lhe ensinar um método bem simples. Você se senta numa cadeira e coloca outra cadeira vazia na sua frente. Em seguida, com muita fé, você imagina que Jesus está sentado nela, bem diante de você. E não pense que isto é loucura, pois Ele próprio prometeu que estaria sempre conosco. Portanto, você deve falar com Ele e escutá-Lo, da mesma forma como está fazendo comigo agora. Achei aquilo muito interessante. Minha resistência foi sendo vencida e decidi experimentar. Senti-me meio sem jeito, da primeira vez, mas um grande bem estar me encheu a alma. Desde então, tenho conversado com Jesus todos os dias. Tenho sempre muito cuidado para que a minha filha não me veja, pois tenho medo que se ela souber que fico falando desta maneira, me interne em uma casa para doentes mentais. O visitante sentiu uma grande emoção ao ouvir aquilo. Aquele homem tinha muitas dificuldades para orar e alguém, de uma maneira bem psicológica, lhe ensinara um método para vencer a muralha que parecia intransponível. Juntos, ali mesmo, oraram, e depois o visitante se foi. Dois dias mais tarde, a filha lhe comunicou que seu pai havia morrido. E narrou da seguinte forma: Quando eu estava me preparando para sair, ele me chamou ao seu quarto. Disse que me amava muito e me deu um beijo. Quando eu voltei do mercado, uma hora mais tarde, já o encontrei morto. Porém, há algo de estranho em relação à sua morte. Aparentemente, antes de morrer, ele chegou perto da cadeira que estava ao lado da cama e recostou a cabeça nela. Foi assim que eu o encontrei
Na oração, o sentimento é tudo. O Divino Mestre sempre Se fez presente ao lado dos simples e dos necessitados. Ao nos ensinar uma fórmula para orar, ofereceu-Se como intermediário entre Deus e os homens. Desta forma, se o seu coração está ferido, se você se sente sozinho, comece hoje a orar a Jesus.
Redação do Momento Espírita, baseado em texto de autoria desconhecida. Disponível no livro Momento Espírita, v.3, ed. Fep.
Nasces-te no lar que precisavas. Vestistes o corpo físico que merecias. Moras onde melhor Deus te proporcionou, de acordo com teu adiantamento. Possui os recursos financeiros coerentes as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para tuas lutas terrenas. Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para tua realização. Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade. Portanto seu destino está constantemente sob teu controle. Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes… São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência. Não reclames nem te faça de vítima. Antes de tudo, analisa e observa. A mudança está em tuas mãos. Reprograma tua meta. Busca o bem melhor e viverás melhor. Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um Novo Fim.
Todas as coisas na Terra passam. Os dias de dificuldade passarão… Passarão, também, os dias de amargura e solidão.
As dores e as lágrimas passarão. As frustrações que nos fazem chorar… Um dia passarão.
A saudade do ser querido que está longe, passará.
Os dias de tristeza… Dias de felicidade… São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal as experiências acumuladas.
Se, hoje, para nós, é um desses dias, repleto de amargura, paremos um instante. Elevemos o pensamento ao Alto e busquemos a voz suave da Mãe amorosa, a nos dizer carinhosamente: ‘isto também passará’
E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre, semelhante a enorme embarcação que, às vezes, parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.
Mas isso também passará porque Jesus está no leme dessa Nau e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a agitação faz parte do roteiro evolutivo da Humanidade e que um dia também passará.
Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro porque essa é a sua destinação.
Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos, sem esmorecimento e confiemos em Deus, aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passará.
Tudo passa… exceto Deus.
Deus é o suficiente!
Primeira Epístola aos Coríntios – Capítulo 13 – “TUDO”
A Medicina Espírita é um processo em desenvolvimento. Começou com Kardec e o Dr. Demeure, em Paris, na segunda metade do século passado. As experiências e observações realizadas com médiuns terapeutas na Clínica do Dr. Demeure figuram, em parte, na Revista Espírita, coleção de doze volumes dos doze anos em que Kardec dirigiu e redigiu, praticamente sozinho, os fascículos mensais da publicação por ele fundada. A Medicina Espírita é uma decorrência natural da natureza e das finalidades do Espiritismo. Tanto no campo científico, quanto no filosófico e religioso, a Doutrina Espírita se revelou como uma forma de Humanismo Ativo, destinado não apenas à estabelecer princípios humanistas, mas também a agir no homem pelo homem, decifrando-lhe os mistérios do corpo e do espírito e proporcionando-lhe os recursos culturais para a humanização do mundo.
Os problemas da saúde humana não podiam escapar do seu enfoque universal. Nesse plano, como em todos os demais, Kardec agiu com prudência e sabedoria, pesquisando, observando, estudando e por fim orientando. O materialismo dominante nas Ciências e na Medicina repeliu a Medicina Espírita. Kardec, por sua vez, sobrecarregado com os múltiplos encargos doutrinários, não teve tempo para cuidar especificamente desse problema e da Pedagogia, dois campos em que militou com sucesso, tendo suas obras adotadas pela Universidade da França. Não deixou o tratado de medicina Espírita e o de Educação e Pedagogia Espírita que desejava elaborar. Completada a obra da Codificação do Espiritismo, lançou-se ao campo das aplicações doutrinárias, segundo suas próprias palavras, com a elaboração do livro A Gênese, de importância fundamental nos três campos fundamentais do Espiritismo. Mas deixou, com A Gênese, um modelo do que ele chamou aplicação dos princípios e dos dados do Espiritismo às diversas áreas da cultura.
Como médico, pouco sabemos de suas atividades, a não ser o que informa Henri Sausse, seu contemporâneo e amigo, e posteriormente as pesquisas e a esquematização notável da vida do codificador no livro Vida e Obra de Allan Kardec. Seu interesse pelo Espiritismo o afastou de todas as demais atividades, como do cargo de diretor de estudos da Universidade da França. Cabia-lhe iniciar no mundo as pesquisas científicas dos fenômenos mediúnicos, o que fez com critério invulgar e plena abnegação. Charles Richet, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade da França, Prêmio Nobel de Fisiologia, prestaria mais tarde sua homenagem a Kardec, reconhecendo, no limado de Metapsíquica, o critério científico de Kardec, que jamais expusera questões ou elaborara princípios que não se baseassem em rigorosas pesquisas.
Apesar desse início promissor, a Medicina Espírita não conseguiu avançar como devia, em virtude das barreiras que contra ela levantaram todas as forças dominantes na época: científicas, filosóficas e religiosas, num verdadeiro conluio em que se destacaram os elementos clericais e os médicos com suas sociedades profissionais e científicas. Não obstante, o sucesso das pesquisas científicas de Richet, Crookes, Notzing, Zollner, e tantos outros, no campo dos fenômenos mediúnicos, e recentemente a comprovação da realidade fenomênica pela Parapsicologia, deram novo alento às possibilidades da Medicina Espírita. Hoje há várias associações de Medicina e Espiritismo de médicos espíritas no Brasil e no mundo, grandes redes hospitalares espíritas e notáveis trabalhos publicados por cientistas e médicos espíritas, particularmente nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Itália, na Alemanha e na Suíça.
O interesse das ciências soviéticas também se manifestou, apesar das objeções ideológicas, e o Dr. Wladimir Raikov, da Universidade de Moscou, projetou-se mundialmente como investigador dos fenômenos mediúnicos através da Parapsicologia, interessando-se especialmente pelo problema de reencarnação, sob a hábil designação de reencarnações sugestivas, como ocorrências do tipo psiquiátrico que precisam ser esclarecidas. Nos países de órbita soviética o interesse cresceu de maneira surpreendente. Na Romênia chegou-se a criar uma nova corrente científica, designada como Psicotrônica, mas que na verdade não passa de Parapsicologia disfarçada para escapar aos preconceitos materialistas já levantados contra a ciência de Rhine e McDougal.
A maior conquista dos soviéticos nesse campo foi a descoberta científica e tecnológica, na famosa Universidade de Kirov, no Afeganistão, da existência do corpo bioplásmico das plantas, dos animais e do homem. Esse corpo, que corresponde em estrutura e funções, plenamente, ao perispírito ou corpo espiritual do Espiritismo, que representa uma revolução copérnica na Biologia e na Medicina. Infelizmente o estado interferiu na questão e as pesquisas foram suspensas por questão de segurança ideológica do Estado Soviético. Apesar disso, o livro de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, da Universidade de Prentice Hall (EUA), lançado por essa Universidade, posteriormente pela Editora Bentam Books, de Nova York, contendo entrevistas comprobatórias dos cientistas responsáveis, continua a circular no Ocidente. Os cientistas revelaram a sua convicção de que essa descoberta abre novas perspectivas para as ciências e particularmente para a Medicina, pelo que foram punidos.
O capítulo da Medicina Espírita nas ciências soviéticas, apesar de oficialmente condenado, abre imensas perspectivas no campo científico mundial. Chegou-se a noticiar a realização, em Moscou, de um simpósio científico sobre as obras de Allan Kardec, mencionado como um racionalista do século passado, na França, que já havia se referido ao corpo-bioplásmico.
A Medicina Espírita, portanto, é uma realidade inegável na atualidade científica do mundo, e sua biografia apresenta-se dramática, implicando até mesmo problemas internacionais. Essa realidade se enriqueceu com o episódio brasileiro do chamado caso Arigó, do famoso médium curador de Congonhas do Campo, Minas Gerais, pesquisado por uma equipe de cientistas e médicos de várias Universidades norte-americanas. As pesquisas provaram a existência real de diagnósticos, curas de doenças incuráveis, como casos de câncer desenganados e intervenções cirúrgicas, sem assepsia nem anestesia de qualquer espécie. Arigó foi caluniado, após sua morte acidental, por autoridades eclesiásticas, como charlatão, mas consagrado pelos cientistas como um dos maiores casos de mediunidade curadora do mundo. Morreu num desastre de automóvel, precisamente quando esperava a visita de uma equipe de cientistas suíços e outra de cientistas japoneses, interessado; em pesquisá-lo. Tivemos em mãos os pedidos de licença dessas equipes, tendo Arigó nos convidado para ajudá-lo na recepção dos pesquisadores, que deviam permanecer várias semanas em Congonhas do Campo.
A Medicina Espírita não é uma aplicação pura e simples da mediunidade curadora a casos de doenças incuráveis, nem uma forma de curandeirismo. É o que Kardec chamava uma aplicação dos princípios espíritas no plano cultural. No caso, aplicação específica à Medicina, o que só pode ser feito por médicos. O Espiritismo contribui com a mediunidade e a Medicina com o saber e a experiência dos médicos. Há casos dessa dupla contribuição conjugarem numa só pessoa: o caso dos médicos espíritas que também médiuns. Por isso, as sociedades de médicos espíritas são importantes, pois podem liderar movimentos de arregimentação de elementos dos dois campos e encetar trabalhos de estruturação científica da Medicina Espírita.
Os médiuns representam os médicos espirituais, que através deles dão a contribuição das observações do outro lado da vida. Os médicos representam a Medicina da atualidade e procuram estabelecer as ligações necessárias para um esforço comum em benefício da Humanidade. Temos assim um aspecto importante do ideal espírita de Kardec: a conjugação do mundo espiritual com o mundo material no trabalho comum de elevação da Terra. Temos ainda a confirmação da tese de Léon Denis, segundo a qual o Espiritismo realiza uma síntese do espiritual e do material no mundo. E também a previsão de Sir Oliver Lodge, grande cientista inglês, de que no Espiritismo, através do túnel da mediunidade, os espíritos e os homens se encontram para tentar no conjunto a solução dos problemas humanos. O que ontem parecia utopia, hoje se mostra como realidade.
A Medicina Espírita implica, portanto, o problema da mediunidade curadora em toda a sua globalidade de manifestações. Havendo sinceridade nessa conjugação, estaremos em face de um dos momentos mais significativos da evolução humana na Terra. Os benefícios que dela podem resultar para o bem da humana são simplesmente incalculáveis. Caberia a Sociedade de Médicos Espíritas de São Paulo encabeçar essa iniciativa cada vez mais necessária.
Entre todas as formas de manifestações mediúnicas, a mais perigosa para os médiuns é a curadora. Não porque os exponha a riscos de saúde, que praticamente não existem numa mediunidade controlada, mas porque os expõe a fascinação das vantagens materiais. Todo médium curador é inevitavelmente assediado por pessoas que querem agradá-lo, que o elogiam, dizem-se seus amigos, dão-lhe presentes e assim por diante. Pouco a pouco o médium se deixa envolver, convence-se da sua importância, torna-se vaidoso e ambicioso.
Com isso desliga-se dos amigos e companheiros desinteressados para cair nas malhas dos interesseiros e tornar-se, por sua vez, um deles. Os laboratórios lhe oferecem comissões no receituário dos seus produtos. Todas as facilidades vão se abrindo para ele e, se não tiver em conta os princípios da moral mediúnica, em breve se transformará num explorador do próximo a que deve auxiliar com desinteresse. O meio espírita conhece muitos desses casos dolorosos, em que excelentes e humildes médiuns curadores acabaram traindo-se a si mesmos.
São variados os tipos de mediunidade curadora, desde o simples passista e o receitista, o vidente diagnosticador, até o operador, o médium-cirurgião, que tanto pode agir com instrumentos ou apenas com a imposição das mãos, ou ainda os que praticam a cirurgia-simpatética, um dos fenômenos mais estranhos e complexos de todo o fenomenismo paranormal. O desenvolvimento desse tipo de mediunidade processa-se de maneira discreta, geralmente disfarçado na produção de efeitos físicos, de vidência, de doenças súbitas e sem motivo aparente que o atacam e de repente desaparecem. Tem-se a impressão, não raro, de caso de obsessão. Na verdade, o médium está sendo submetido a uma espécie de experimentação de suas possibilidades psicofísicas e de preparação para as suas futuras atividades. Anésio Siqueira, famoso na década de 30, sofreu grave enfermidade que o levou a proximidade da morte.
Os médicos o desenganaram, de repente recuperou-se e começou a fazer curas. Não conhecia Espiritismo e nunca o aprendeu, dava passes fumando cigarro entre os dedos e realizou curas espantosas, tanto espirituais (desobsessão) quanto materiais. José Arigó, roceiro, já na infância via e ouvia espíritos; na adolescência começou a sentir terrores noturnos, foi perseguido por visões assustadoras. Na juventude (era católico) empolgou-se pelo ideal da pureza e santidade e ouvia vozes que lhe aconselhavam a castidade. Ao entrar na maturidade, casou-se e passou por uma fase de equilíbrio em que se mostrava despreocupado, alegre e brincalhão.
Um dia teve de socorrer um amigo que se havia engasgado. Começou ai a sua espantosa mediunidade-cirúrgica. E, com ela, todos os problemas de um homem que era procurado por doentes das mais diversas moléstias e a todos queria atender. Guiado por um espírito autoritário mais generoso, que se dizia o médico alemão Dr. Fritz, morto na primeira guerra mundial, tornou-se ríspido, exigente, de uma franqueza rude, dando a idéia de um novo João Batista que surgia na cidadezinha arcaica e carismática de Congonhas do Campo. Seus modos rústicos pareciam uma couraça destinada a afastar todas as tentações de sua perigosa mediunidade. Foi um dos médiuns mais autênticos e de mediunidade mais produtiva que já passou entre nós. Mas acabou nas ciladas dos interesseiros e morreu tragicamente, ainda moço e vigoroso.
A cirurgia simpatética ou simpática é assim chamada por sua semelhança com a magia-simpática. Arigó a produzia, mas somente em casos especiais. No geral, agia de maneira violenta, com faca ou canivete, cortando o doente de maneira brusca, sem anestesia nem assepsia e comandando com segurança espantosa o fluxo de sangue. Trabalhava as claras, no meio do povo e na presença de médicos conhecidos ou não, e muitas vezes chamava os médicos para assistirem de perto o que ele fazia. O Dr. Sérgio Valle, cirurgião ocular e especialista em hipnose clínica, residente em São Paulo, presenciou de perto várias de suas operações e declarou: “Arigó aplica uma supercirurgia que não conhecemos e não usa a hipnose e nem conhece técnicas hipnóticas.” Na prática da cirurgia simpatética Arigó agia sem tocar no doente.
Procedia como a médium Bernarda Torrúbio, mulher do campo, esposa de José Torrúbio, sitiante de Garça, na Alta Paulista. Fazia uma prece pedindo assistência aos espíritos. Estendia as mão sobre o doente sem tocá-lo. Este sentia que mexiam por dentro em seus órgãos doentes, ocorriam-lhe ânsias de vômito, mas quem vomitava era a médium. Vômito geralmente espesso, com grande quantidade de pus e sangue e pedaços de matérias orgânicas. O doente se sentia fraco, abatido como se tivesse passado por uma intervenção cirúrgica. As dores internas confirmavam essa impressão. Durante uns poucos dias as dores continuavam, mas logo começavam a diminuir e desapareciam. A recuperação era rápida e total.
A mediunidade-cirúrgica é muitas vezes acompanhada de fenômenos ocasionais de efeitos físicos. Isso é natural, pois a própria cura e as operações pertencem a essa classificação mediúnica. Bernarda Torrúbio manifestava estranhos fenômenos de transporte de objetos à distância e aparentemente através de portas e janelas fechadas. Em reuniões com Urbano de Assis Xavier, em Marilia, houve notáveis ocorrências dessa natureza, inteiramente inesperadas. Nas pesquisas parapsicológicas esses fenômenos se confirmaram. O Prof. Rhine fez decisivas experiências com animais, para evitar o problema da sugestão, e conseguiu êxitos comprobatórios, dentro de todas as exigências de metodologia científica. As pesquisas de Geley e Osty, na França, mostraram que em todas essas ocorrências existe a emanação de ectoplasma.
Geley chamou de controladores os espíritos que agem nessas ocasiões, provendo e regulando a saída de ectoplasma do organismo mediúnico. Nas experiências soviéticas os cientistas consideraram o ectoplasma como energia radiante emitida pelo perispírito ou corpo espiritual do médium. Crookes chamou-o de força psíquica Notzing colheu porções de ectoplasma e submeteu-os a análise de laboratório, provando que a porção morta desse elemento dissociada do médium, compunha-se de células e outros materiais orgânicos. Não há, pois, milagre, no sentido místico da palavra nessas ocorrências. Há leis naturais que pouco a pouco vão sendo esclarecidas pelas pesquisas científicas.
Os médiuns dotados dessas faculdades precisam ser instruídos doutrinariamente, para saberem como se portar na vida comum e para terem consciência de que os fenômenos não são produzidos por eles, mas por ação dos espíritos. Com isso se livrarão da vaidade tola que os leva a crer em seus poderes pessoais, julgando-se donos deles e capazes de controlá-los por si mesmos. Essa idéia de posse individual os leva também a cair mais facilmente nas ciladas dos aproveitadores. Essa mediunidade exige constante vigilância do médium no tocante aos seus deveres morais e espirituais e a mais plena consciência de suas responsabilidades doutrinárias.
Erros passados, tristezas contraídas, lágrimas choradas, desajustes crônicos!… Às vezes, acreditas que todas as bênçãos jazem extintas, que todas as portas se mostram cerradas à necessária renovação!… Esqueces-te, porém, de que a própria sabedoria da vida determina que o dia se refaça cada manhã. Começar de novo é o processo da Natureza, desde a semente singela ao gigante solar. Se experimentaste o peso do desengano, nada te obriga a permanecer sob a corrente do desencanto. Reinicia a construção de teus ideais, em bases mais sólidas, e torna ao calor da experiência, a fim de acalentá-los em plenitude de forças novas. O fracasso visitou-nos em algum tentame de elevação, mas isso não é motivo para desgosto e autopiedade, porquanto, frequentemente, o malogro de nossos anseios significa ordem do Alto para mudança de rumo, e começar de novo é o caminho para o êxito desejado. Temos sido talvez desatentos, diante dos outros, cultivando indiferença ou ingratidão; no entanto, é perfeitamente possível refazer atitudes e começar de novo a plantação da simpatia, oferecendo bondade e compreensão àqueles que nos cercam. Teremos perdido afeições que supúnhamos inalteráveis; todavia, não será justo, por isso, que venhamos a cair em desânimo. O tempo nos permite começar de novo, na procura das nossas afinidades autênticas, aquelas afinidades suscetíveis de insuflar-nos coragem para suportar as provações do caminho e assegurar-nos o contentamento de viver. Desfaçamos-nos de pensamentos amargos, das cargas de angústia, dos ressentimentos que nos alcancem e das mágoas requentadas no peito!… Descerremos as janelas da alma para que o sol do entendimento nos higienize e reaqueça a casa íntima. Tudo na vida pode ser começado de novo para que a lei do progresso e do aperfeiçoamento se cumpra em todas as direções. Efetivamente, em muitas ocasiões, quando desprezamos as oportunidades e tarefas que nos são concedidas na Obra do Senhor, voltamos tarde a fim de revisá-las e reassumi-las, mas nunca tarde demais.