
Nunca ouvimos tanto nos dias de hoje a palavra Gratidão. Ela está presente em praticamente todos os lugares: em mensagens e textos espalhados pela internet ou quando nos despedimos de alguém. Criamos técnicas como: “potinho da gratidão”, “caderno da gratidão” ou fazemos “listas” com coisas que somos extremamente gratos.
E quando dizemos “Obrigado!”, é a mesma coisa? Quando queremos agradecer ao outro por algo, dizendo “Obrigado”, estamos sendo educados para mantermos um relacionamento amável ou cordial com alguém. Mas… e quando falamos em Gratidão? Sentimos uma energia diferente, nos ligando a algo maior. Estamos dizendo: minha alma é grata e se conecta a algo, se tormando muito mais que um “Obrigado”.
Todos nós temos a capacidade de sentir Gratidão, mesmo aquelas pessoas que possuem o hábito de reclamarem da vida! Basta analisarmos as situações e criarmos ou não expectativas sobre os acontecimentos. Por exemplo: praticar a caridade esperando um reconhecimento pelos nossos feitos, seja de quem recebeu o ato de bondade ou do grupo social do qual estamos inseridos, é vaidade! Então, ser grato é um estado de espírito! É agradecer não apenas pelos fatos positivos, mas também pelos negativos. Agradecer a tudo o que está em nossas vidas sem julgamento. É fácil? Claro que não, somos espíritos em evolução ! Mas é um exercício diário! Ser grato pelas coisas que estão dando errado, nos faz refletir sobre o que aconteceu, e por incrível que pareça, todas as respostas sempre vêem a seu tempo. Nossos sentimentos se elevam, mudando nossas vibrações, permitindo e nos conectando com o Plano Espiritual de Luz! Através da Gratidão, reconhecemos a necessidade de nossa reforma íntima, nossa mudança interior. Ela nos proporciona uma posição de aceitação frente as dificuldades, nos permitindo uma reflexão no que pode ser mudado. Ela transforma nossas relações, pois servindo a um semelhante, a um animalzinho ou à natureza, estamos servindo a Deus. Nós espíritas sabemos sobre a Lei de Ação e Reação, sendo assim, as sementes que plantamos e semeamos hoje, darão belos frutos no momento oportuno.
Mas, como podemos praticar a Gratidão? Ao fazer uma prece, comece a agradecer pelas coisas em sua vida, como: pela cama que você possue para dormir, pelo seu lar, pelo alimento de todos os dias, por sua família, pelo seu trabalho, pelo sol e pela chuva que cai… São tantas as coisas para ser grato! Sobretudo, sejamos gratos pelo males que outras pessoas nos fazem, pois são estes que nos auxiliam em nossa caminhada e no nosso desenvolvimento, nos dando a oportunidade de avaliar e perdoar. O perdão nos liberta!
Através da Gratidão, os mentores de luz se aproximam de nós, nos ajudando a nos libertar das mazelas que nos desviam do bom caminho, exercitando a benevolência, a compreensão e o amor. Experimente praticar a Gratidão todos os dias por um período de tempo. Parece que no início não fará sentido, mas depois de alguns dias, começamos a prestar atenção a coisas que não percebíamos antes. Sabe porque? Agradecendo mais, reclamamos menos! Nosso caração se conforta e se acalma!
Existe uma psicografia ditada pelo espírito de Amélia Rodrigues, escrita por Divaldo Pereira Franco que se chama: Poema da Gratidão.
O exercício da Gratidão pode não ser fácil, mas é mais simples do que parece ser! Vamos praticar?
” GRATIDÃO
Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.
Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.
Muito obrigado Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Eu detecto cegos guiando na escuridão
que tropeçam na multidão
que choram na solidão.
Por eles eu oro e a ti imploro comiseração
porque eu sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!
Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do olmeiro
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!
Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir
Porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!
Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz
Pela voz que canta
Que ama, que ensina, que alfabetiza,
Que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!
Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!
Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!
Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!
Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.
Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!
Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.
Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!
Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um tecto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, eu te direi
Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti
Pelo teu amor, obrigado senhor! “
Imagem utilizada: https://venuxx.com/2019/11/01/pote-da-gratidao/